A Escola de Corpo Alma e espírito: uma visão holística da educação - Por Dirceu Moreira
TEMA: A Escola de Corpo Alma e espírito: uma visão holística da educação - Por Dirceu Moreira
.A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor. (Pe. Antônio Vieira, jesuíta e educador)
Se neste país os governantes governassem com a lógica feminina, nós já teríamos todas as crianças na escola. Cristovam Buarque (no dia da posse como Ministro da Educação)
Cada grande passo na ciência foi precedido por uma nova audácia da imaginação. John Dewey
A escola é um santuário do saber, onde a luz da inteligência deve ser cultuada como luz que ilumina as mentes e corações que estão em formação. Profª Nazareth Bizutti
Ao se referir à "moeda de ouro", quanto à "intuição feminina", "audácia" e "santuário do saber", estamos nos referindo em linguagem simbólica sobre a escola de corpo, alma e espírito.
Sinteticamente falando, podemos a partir de agora, fazermos algumas reflexões sobre as bases onde se assentam os princípios desta escola onde se assenta o trono do Saber. Já dizia o prof. Dr. Nelson Salles" É preciso acreditar no ser humano, esse potencial traz a semente da autotransformação". Acreditar neste Ser é investir cada vez mais no seu potencial integral valorizando-o de corpo, a alma e o espírito, para que as escolas possam espelhar o equilíbrio nestes três aspectos.
No entanto, vamos ver inicialmente alguns ingredientes a fim de que possamos compreender a estrutura de uma escola sob o ponto de vista primeiramente voltado aos aspectos materiais, onde o corpo estará representado pelo edifício e suas instalações, a alma simbolizada pela biblioteca e materiais didáticos, enquanto que o lado espiritual pode ser comparado ao core-curriculum, onde se apóiam os demais conteúdos.
Sob outro ponto de vista e, em se tratando de conteúdo didático pedagógico, podemos dizer que a biblioteca é o corpo, o livro é a alma e as palavras, o espírito. Pitágoras dizia que o número três reina por toda parte, e o "UM" é seu princípio. Assim o encontramos presente na escola. A filosofia é o amor pelo conhecimento, a theosofia é o amor pela sabedoria Divina que sem a aplicabilidade, ambas nada representam porque sempre há uma terceira coisa para completar e a isto chamamos vontade, impulso, motivação, enfim atividade, sem a qual não há a evolução.
Podemos fazer ainda uma analogia com o computador, onde a torre, monitor, impressora formam o corpo, o HD é a alma e os programas o espiritual, na respectiva equivalência de hardware(máquina), software(programas), humanware(aquele que programa). Todas as coisas se correlacionam e se é possível fazer as devidas analogias, tomando sempre o cuidado de não extrapolar e tocar o samba do Crioulo Doido como diz o amigo Aluisio Robalinho.
De acordo com as fundamentações filosóficas da pedagogia Henriquiana, criada pelo Prof. Henrique José de Souza (1883-1963), podemos contemplar um core-curriculum e definir como objetivo da educação, " a busca contínua, do aprimoramento da personalidade para manifestação do Eu Superior".
Este eu superior é exatamente aquele a que se refere todas religiões, filosofias, theogonias e a própria psicologia, definindo-o como Self, a individualidade ou essência humana e mesmo como inteligência.
A palavra EUBIOSE, é um silogismo de origem grega que o prof. Henrique adaptou e, seus três aspectos significam: EU=bem, bom e belo, BIOS=vida, OSE=ação. Literalmente falando ela se apresenta como a ciência da vida, ou arte do bem viver, em harmonia com as leis universais e de realizar o aperfeiçoamento do homem sob todos os aspectos, envolvendo o corpo, alma e espírito. Plutarco fala nos sobre SOMA(corpo), PSYCHÉ(alma) e NOUS(espírito). Por sua vez, a educação também segue o mesmo princípio, onde a escola pode ser representada pelo corpo, os alunos e equipe de apoio à expressão da alma, e a aplicação do conteúdo curricular através do corpo docente como aspecto espiritual. Ainda podemos falar de uma tríade gerencial responsável pela "gestão de pessoas" na escola (Diretor, Orientador Pedagógico e Orientador Educacional).
Tendo como diretriz básica o "aprimoramento da personalidade", todo planejamento escolar se direciona para o despertar deste Eu Superior, que pode ser representado também pela mente abstrata, intuicional e Cristica (Divina).
Falou-se muito no QI e do QE-quociente emocional, cada um puxando a sardinha para seu lado, no entanto os dois somente têm sentido quando aplicamos a eles o QV-quociente de Vontade, conforme já comentei, vemos aqui novamente a presença da tríade.
Se ao potencial de Inteligência e Emoção, não for aplicada através do poder da vontade, estas duas instancias não deixam de ser apenas uma pedra bruta, com muito valor, mas bruta. Do que adianta os diplomas, títulos de Ms., Dr. MBA, Phd`s, se estes potenciais não são aplicados, principalmente em prol do engrandecimento dos que estão logo abaixo na escala evolucional! Com o tempo eles se vão e ficam somente os papéis, enquanto que a prática confirma e modifica-os constantemente. O ouro está no cascalho, mas sem ação ele permanece uma pedra bruta. Por isso de forma magistral Alice A.Bailey (educação na nova era-1989) se refere à Vontade: quando ela é direcionada para o Bem, nasce a Ética, para a Verdade nasce a Sabedoria e quando direcionada para a Beleza surge a estética. Creio que ela esteja se referindo a uma ética de cunho humanista ou até supra-humana, bem como a uma sabedoria que se dirige para realização e, que esta estética nada tem a ver com o padrão de beleza atual, implantado pelo modismo.Tanto Vontade, Inteligência quanto Emoção se dividem em outros três níveis cada uma: pré, auto e supra como degraus para se galgar a evolução.
Seguindo-se os mesmos princípios, podemos fazer as seguintes correlações destes três aspectos fundamentais para compreensão da escola de corpo, alma e espírito.
* -Tabela com base de consulta nos trabalhos da profª. Nazareth Bizutti
Estas correlações seguem os princípios da multi, inter, trans ou holodisciplinaridade, muito bem sintetizada nesta frase da profª Nazareth já citada:"A escola é um santuário do saber, onde a luz da inteligência deve ser cultuada como luz que ilumina as mentes e corações que estão em formação"., logo: corpo, alma e espírito. Se a escola é um santuário do saber, é porque agregam se a ela sete ramos do conhecimento: alquimia (química), artes, política (ética e estética), mecânica (ciências exatas), literatura, filosofia e medicina (teurgia) com todas suas ramificações. Cada uma possui suas particularidades, mais uma parcela da outra, o que nos possibilita uma visão sistêmica das suas possíveis inter-relações. Há um projeto de inclusão no meu site disponível para escolas, prefeituras e empresas denominado de ALFACE- Academia de Letras, Filosofia, Artes e Ciências Escolares, que possibilitam a descoberta dos talentos nestas sete áreas citadas e também a inclusão ao conhecimento.
Voltando a questão da escola de corpo, alma e espírito, podemos citar um exemplo bem simples desta visão integradora que é a seguinte: a família educa e estabelece disciplina com seu limites através do amor, a escola por sua vez tem a função potencializadora da inteligência através da instrução. A sociedade através da profissionalização converte estes ensinamentos em novas tecnologias que irão se reverter em desenvolvimento, que favorecerão aos três. No entanto o aluno que chega à escola, traz sua bagagem de família, mais tarde ele estará trabalhando em uma escola que também é uma organização. A família se faz representar na escola através dos filhos, mas quando eles retornam para casa trazem um pouco da escola para dentro de casa, com o passar do tempo irão fazer o mesmo em relação ao seu trabalho. Por isso, nada é mais incabível e de mau gosto do que a critica que recebe a educação e seus profissionais por parte da sociedade como um todo. Se este olhar está focado apenas num dos vértices do triangulo, isto se chama "separatividade". Multi (coisas, matérias...) sem a inter e a transdisciplinaridade, haverá uma ruptura num dos vértices do triângulo (família, escola e sociedade), ocasionando um olhar distorcido da realidade.
Algumas referências, como no caso da carta da transdisciplinaridade adotada no Congresso Mundial no Convento Arrábida-Portugal em novembro de 1994 e de Veneza são fundamentais para se compreender os novos rumos da educação, onde ciência e espiritualidade possam caminhar lado a lado, sem se conflitar com as crenças individuais de cada pessoa:
A DECLARAÇÃO DE VENEZA DE 1986: aponta a "TRADIÇÃO ESPIRITUAL", como complementar a ciência e proclama a premente necessidade de uma pesquisa verdadeiramente TRANSDISCIPLINAR em intercâmbio dinâmico entre ciência exatas, humanas, e a arte e tradição.
Quando o homem aproxima a mente do coração, nasce a espiritualidade que é e será um estado permanente a serviço da sabedoria. Assim Comenius disse: "Todo homem nasceu com capacidade de adquirir a ciência das coisas, antes de mais nada porque é imagem de Deus".
De forma simples e bem objetiva, ele colocou nas entrelinhas a síntese do encontro da ciência com a espiritualidade.
A concepção filosófica de uma escola de corpo, alma e espírito, condiz com o mesmo princípio grego de "corpo são, mente sã". No entanto, diríamos nós, "harmonia entre corpo e alma", porque o espírito é imaculado, tratando se da energia de Vontade, que é a essência de Deus a brilhar em cada coração humano como receptáculo de todas experiências de vida, como bem frisou Comenius. Para que possamos realizar este ideal, é preciso resgatar os valores e qualidades daqueles que lidam com a educação e, neste aspecto, inclui se em primeiro lugar, as questões relativas ao auto crescimento do educador. Torna-se importante envolver o profissional de educação em treinamentos não apenas didáticos, mas preparando-o para a verdadeira inclusão do direito ao conhecimento, onde poderíamos incluir o desenvolvimento de seus potenciais para lidar adequadamente com conceitos, princípios e práticas sobre as etapas do desenvolvimento humano, motivação, comunicação, liderança, os temperamentos e etc., não apenas para que possa aplicar em sala de aula, mas também para que faça uso no seu dia a dia, a fim de que possa melhorar as relações intrapessoal (consigo mesmo) e interpessoal (com os outros). Competência essa já citada por Gardner, principalmente por todas questões disciplinares em sala de aula, o corre-corre, as duplas e triplas jornadas de trabalho principalmente com relação às mulheres que ao retornarem para casa, ainda se defrontam com mais uma jornada. Como cobrar competências se este profissional já não tem tempo nem para si mesmo. Mas cadê a legislação que deveria premiar em primeiro lugar a educação? Assim o triangulo do qual falamos, deixa de ser eqüilátero passando para isósceles ou pior ainda escaleno.
Na frase do meu amigo prof. Celso Antunes, está sintetizado o que esperamos do futuro de uma educação que não se preocupa com estas três instâncias da escola de corpo, alma e espírito: "Não sabemos como será o amanhã, sabemos apenas que terá a forma que o educador lhe atribuir". Este amanhã de nossos professores e mestres dependerá de uma política educacional consciente do que significa verdadeiramente inclusão, que qualifique e capacite nossos educadores para este papel tão importante, que implica na mudança de estado de consciência de uma nação inteira. Este novo professor precisa ser o "centro" e a periferia ao mesmo tempo. Afinal de contas, todo o processo de ensino depende de uma boa relação professor x aluno x aprendizagem (eqüilátero). Trata-se, portanto da busca do equilíbrio intrapsíquico entre emoção e a razão (fides et ratio) com o auxílio de uma 3ª instância ou mental abstrato (5ª essência) que faz parte do Eu Superior, porque quando isso não ocorre o corpo padece trazendo sofrimento ao educador, como é caso da síndrome de Burnout (fogo-apagou=desmotivação) ou a TPM - Transtornos da Passividade Mental (origem de todo estresse) e da baixa estima, que chega também às nossas escolas.
O educador precisa tanto do treinamento na parte didática (técnica-material), quanto das ferramentas psicológicas (alma-razão x emoção), para seu equilíbrio. Há muito tempo atrás, Sócrates, ouviu da pitonisa do oráculo de Delphos as seguintes palavras: "Homem conhece-te a ti mesmo". É o que querem as escolas empreendedoras que buscam alternativas para o 3º milênio, que clama através de nossos jovens e crianças um novo olhar para a educação. Podemos citar aqui um trecho do trabalho de Rosely A.R.Assumpção sobre a forma de pensar de Paulo Freire e Rudolf. Steiner, que tem tudo a ver o que estamos falando: "Conhecer a si mesmo" e "cuidar de si mesmo" são máximas educativas para Freire e Steiner, pois, o professor que se auto-conhece pode oferecer mais ao aluno. A consciência da própria ignorância leva à busca do conhecimento". Os grandes sábios nos deixaram o conhecimento para saída desta ignorância, mas se ele não for usado e atualizado, cairá exatamente no que disse o prof. Henrique José de Souza: "Não haveria evolução, se O VERBO se manifestasse proferindo sempre as mesmas palavras." Muitas coisas do passado podem ser ditas hoje, mas com outras palavras, que requerem ações diferentes, porque o mundo dos acontecimentos não é mais o mesmo. Por isso os grandes seres, os iluminados, os Avataras (descidos do céu), trazem o conhecimento em forma de parábolas porque elas se encontram em uma dimensão além do tempo e espaço que conhecemos, ou seja são conhecimentos atemporais.
Quando falo do conhecimento eubiótico como a ciência da vida na arte do bem viver, é com o propósito de contribuir com uma filosofia onde o ser humano e, portanto, deste educador que estamos falando, ele é considerado como um "SER INTEGRAL" e assim propõe que o mesmo possa viver em harmonia de corpo, alma e espírito. A medicina convencional e as formas alternativas oferecem os recursos para os cuidados com este veículo físico. Já no aspecto da alma, sede das emoções, existe as ferramentas psicológicas através de várias abordagens, treinamentos, psicoterapias e uma série de outras possibilidades. No entanto, quando a espiritualidade se manifesta, o ser humano passa a se auto-conhecer, assim o dom e a luz do seu Eu Superior se manifesta em forma de sabedoria, fazendo fluir toda sua criatividade e intuição (telepatia, clarividência, pré cognição...). É quando este educador se surpreende com seu potencial, principalmente as mulheres que muitas vezes, pensam e agem através da intuição. A intuição é um nível de conhecimento que vai além do inconsciente coletivo, ela não requer explicação, ela é. Como para tudo o homem quer uma lógica racional, acaba bloqueando este potencial. Medite novamente sobre o que disse Jean Piaget de forma genial: A discussão é uma reflexão falada, e a reflexão é discussão pensada, que por si mesmo, já é um livro, mas a leitura deste livro somente poderá ser feita a partir do mental abstrato "quintessenciado". Surpreende nos também as crianças, quando bem educadas pelos pais, trazerem idéias fantásticas e, então dizemos: as crianças de hoje estão muito espertas... e, segue se uma série de adjetivos. É o potencial do mental abstrato conhecido também como 5ª essência pulsando na cabecinha delas. Infelizmente é uma faca de dois gumes, pois no mundo onde coexistem as forças do bem e do mal, elas ficam sujeitas a uma série de fatores alienantes no núcleo da família e da sociedade, tornando-as presa fácil destas forças. Por causa destes aspectos de degradação social, estamos presenciando coisas horríveis no seio da própria educação, como foi o caso da Alemanha, em que um adolescente de 17 anos matou 12 professores, a vice-diretora, um funcionário, um policial e dois alunos e em seguida se suicidou. E há outros tantos casos que não é necessário citar. O motivo da revolta deste jovem foi a expulsão da escola por baixo aproveitamento escolar. Não teria sido questões de baixa estima, ou falta de um lar estruturado com base no amor e no respeito? A educação não pode ficar refém de situações como esta, porque é ela que deve preparar o cidadão para uma vida consciente juntamente, mas paradoxalmente só o conseguira o apoio e participação incondicional da família. Aliás desde Péricles (Grécia + ou - 490 AC) ela se propunha a tal objetivo. Relembremos o Pe. Antônio Vieira: "A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor". Não temos que investir apenas no aluno, mas também no educador e na escola, a fim de que possa entrar moedas de "chumbo" e sair moedas de "ouro".
É por motivos como este, que ao se falar da escola de corpo, alma e espírito, a forma de pensar, a filosofia e uma renascente pedagogia com base nos ensinamentos do prof. Henrique, procura colocar a educação sob um ponto de vista também INTEGRAL, holística, transdisciplinar. Neste aspecto não nos esqueçamos que este corpo já citado como sendo a própria escola, passa a ter em outra versão, a alma representada pelos pais e alunos e, o espírito pelos professores e equipe de apoio. Assim sendo, ao se oferecer aos docentes possibilidades de acesso (inclusão) ao conhecimento, também será feito de forma extensiva principalmente aos pais, para que possam compreender verdadeiramente o papel de educar, diferente de instruir que é papel da escola, embora ambas façam uma coisa e outra nas suas devidas proporcionalidades.
Quem vai desfrutar deste capital humano devidamente potencializado, será a sociedade (portanto nós mesmos) através de novas idéias, que serão transformadas em tecnologias e melhores condições de vida. Já deu para perceber que se não houver este intercâmbio de forma integrada, um deles, quer seja a família, quer seja a escola ou a sociedade, com certeza, não conseguirá fazer de forma competente e com sucesso aquilo que é de sua responsabilidade, porque estará o tempo todo tentando complementar o que o outro deixou de fazer. O papel da família de educar é saber estabelecer limites e disciplina com amor e sabedoria. Toda família é um pouco escola e toda escola é um pouco família, por isso disse o prof. Henrique: "educar é ajudar a criar". Ajudar é diferente de fazer aquilo que deveria ter sido feito em casa. Nisto Cipriano Luchesi complementa quando fala de "acolher" e, com isso voltamos novamente ao assunto da inclusão, que não é simplesmente freqüentar a escola.
Assim exposto e de forma resumida, propomos que os atributos do edifício, humano contendo a inteligência, a emoção e a vontade, seja de conhecimento de todos aqueles que participam direta e indiretamente da escola de corpo, alma e espírito, porque como Dizia H.P.Blavatsky "Até mesmo a ignorância é melhor do que a ciência da cabeça sem a sabedoria da alma para iluminá-la e guiá-la." Por isso: Só a educação liberta, dizia Darcy Ribeiro.
Cuidemos do corpo da escola, seu edifício, instalações, equipamentos e etc., mas através dos alunos olhamos a alegria que vem da alma sedenta de sabedoria, que buscarão através dos seus mestres. Antes de tudo isso, estes mestres precisam estar em equilíbrio com seu corpo, suas emoções e inteligência. Quando alunos, professores, funcionários da escola adentram a ela, aquilo que era apenas uma estrutura física de personalidade jurídica, torna-se ainda mais viva e pulsante a partir do momento em que todos cumprem os seus papéis, ai justamente, nasce a espiritualidade daquela escola, a tal ponto que quando adentramos em alguns ambientes sentimos perfeitamente o que estou falando. Escolas lindas, edifícios reluzentes, instalações de primeiro mundo, mas há falta de uma alma para lhes dar calor e acolhimento. Este elixir, tantas vezes dito pelos grandes pensadores, que se transforma em metodologia, é o AMOR. Assim como se orgulha o prof. José Luiz de Faria Neto de tê-lo como seu método de ensino em suas escolas, porque este amor, jamais podemos esquecer de repetir tantas vezes quanto for necessário: o amor é aquele que inclui o DEVER e não apenas o DIREITO tão reivindicado em nossos dias, mas este direito tem na prática pedagógica aquilo que nos diz a prof. Mª Regina.R.Stefano: "é necessário o outro lado que do direito que é o Dever e, que com facilidade as crianças incorporam com facilidade este conceito no seu dia-a-dia." Sem esta experiência podemos estar criando filhos e educando cidadãos praticantes da lei do menor esforço, principalmente se levarmos em conta que a idade para se iniciar no trabalho são l6 anos. Sem comentários.
Este artigo foi baseado em estudos deixados pelo Prof. Henrique José de Souza (1883-1963). Nele encontramos ressonância para os com os Deveres, no LPD: Luta Pelo Dever e não a luta pelo poder, ou diria eu pelo direito. Ele foi filósofo, líder espiritual, músico, escritor, poliglota, tradutor, educador, considerado um dos maiores sábios e que dedicou toda sua vida pela elevação e engrandecimento do Brasil, como celeiro do mundo em termos de conhecimento. Difícil acreditar, diriam alguns, porém existem aqueles que vêem muito além, porque não vêm com os olhos físicos, nem tão pouco apenas com o olhar da alma, mas com o olhar da 3ª visão, do 6º sentido: o olhar da espiritualidade. Por isto ele sempre acreditou no Brasil e nos brasileiros e colocava a educação como um pilar mestre para as transformações. Ter uma escola de corpo, alma e espírito não é sonho, é realidade porque esta é uma realidade humana. Finalmente vamos terminar sintetizando tudo que foi dito: o edifício humano foi projetado pelo Supremo Arquiteto do Universo (se preferir pode escrever Deus, pois, ELE tem mais 97 nomes). Este edifício possui 7 andares. Os dois primeiros referem-se à estrutura física e sua sustentabilidade (físico e vital), é o corpo. Para entender melhor, imagine uma laje de um prédio. Na sua constituição, aquilo que corresponde a areia, ao cimento e à pedra, é o corpo físico. A ferragem é o corpo vital, portanto, é aquilo que mantêm o edifico de pé, o mesmo acontecendo com o ser humano. Cai a vitalidade e, o corpo também cai ou morre. Vamos para o 3º andar onde se encontra a sede das emoções. Já o 4º abriga a razão, ou mente concreta, lógica. Os dois juntos forma a personalidade (psiquê). O 5º andar é a expressão do mental abstrato (criatividade), o 6º acolhe a intuição-clarividência e o 7º nosso EU superior e, estes três formam a tríade superior ou espiritualidade, portanto: o ser de corpo, alma e espírito. Quando nosso corpo emocional se desequilibra, perturba nossa capacidade de pensar, recaindo sobre o corpo físico, conseqüentemente a energia do corpo vital cai, que por sua vez prejudica o físico, que exacerba as emoções, reduzindo o potencial do pensamento lógico da mente concreta. Criamos um circulo vicioso. Para sairmos dele precisamos entrar no triangulo virtuoso através da 5ª essência ou mente abstrata, tal qual fez Teseu para escapar do Minotauro dentro do labirinto, talvez este labirinto de emoções em que vive mergulhada grande parte da humanidade. A escola está envolta de um campo energético emocional e mental, somatória dos relacionamentos entre professores, alunos, funcionários e pais. É a partir dele é que você vai perceber e sentir na pele como está a alma de sua escola. Como dizia Teilhard de Chardin "Noosfera" ou alma dos pensamentos humanos, que trazemos para este contexto para designar de "Noosfera educacional". Se o clima desta noosfera estiver em desequilíbrio, esta energia vai recair sobre o corpo, discente, docente e administrativo. Todos dentro de uma escola, de uma empresa, dentro de casa, enfim onde estivermos, somos co-responsáveis pelo que estiver acontecendo. Para melhorar a noosfera da sua escola, proponha que todos contribuam escrevendo frases sobre o que gosta, que dá prazer, alegria e motivação, desde as coisas mais simples. Colem isso em um quadro no corredor da escola para que todos vejam e a partir daí usem toda criatividade. Em uma das dinâmicas durante work shop trabalhamos o projeto "Semeador de Estrelas" com este propósito. Tem gente que acha que o melhor é lavar roupas sujas, mas cuidado porque pode encardir. Comece com o positivo, já se dá demasiada energia para as coisas que não dão certo, chegou a hora de potencializarmos a abertura pra uma escola de CORPO, ALMA E ESPIRITO, pois, como dizia Victor Hugo "quem abre uma porta para escola, fecha uma prisão".
Prof. Dirceu Moreira -12/46