Espiritualidade na Educação dos Filhos
Espiritualidade na Educação dos Filhos
(Matéria publicada na Folha Espírita em agosto de 2007)
Dra. Cristiane Ribeiro Assis, ginecologista e obstetra, com especialização em Medicina Fetal, membro da AME-SP
Uma boa dica de leitura para aqueles que procuram uma orientação sobre como introduzir a espiritualidade na educação das crianças é o livro "As sete leis espirituais para os pais". Nesse livro, o renomado médico hindu, Dr. Deepak Chopra, consegue oferecer dicas práticas para introduzir o assunto na rotina familiar.
O Dr. Chopra ensina que a educação mais profunda que podemos dar aos nossos filhos é a educação espiritual. Defende seu posicionamento dizendo que: "a criança dotada de uma aptidão espiritual será capaz de responder às perguntas mais básicas a respeito do funcionamento do universo; ela perceberá a fonte da criatividade, tanto dentro quanto fora dela; ela será capaz de não criticar e praticar a complacência e a verdade, que são as virtudes mais valiosas que se pode possuir para lidar com as pessoas; e ela estará livre do medo e da ansiedade, que incapacitam com relação ao significado da vida e são a podridão secreta existente no coração da maioria dos adultos, sejam eles capazes ou não de admiti-lo."
Contudo, se as "leis espirituais" não fizerem parte do dia-a-dia da família, elas não terão sentido para a criança. Por isso, o médico desenvolveu um plano de atividades onde em cada dia da semana dedica-se atenção especial a uma das "leis". Cada lei vem acompanhada da mensagem que ela transmite e de três tarefas que devem ser executadas nesse dia. Ele orienta que ao início de cada dia as crianças sejam lembradas sobre aquilo a que devem se ater. Durante o jantar, haverá uma recapitulação familiar dos aprendizados do dia. Lembramos que todas essas atividades precisa ser prazerosas e não apenas uma obrigação. É sobre essas “leis espirituais” que conversaremos hoje e em nossos próximos encontros.
DOMINGO: Potencialidade pura
Hoje dizemos aos nossos filhos: "Tudo é possível, não importa o que seja."
O campo onde tudo é possível é o espírito. As crianças precisam aprender que o silêncio é o lar do espírito. Nesse dia, os pais se dispõem a realizar com seus filhos as seguintes tarefas:
1- Orientá-los durante alguns minutos em uma meditação silenciosa.
Por volta dos seis ou sete anos, os pais devem ensinar que ficar alguns minutos sozinhos e quietos é saudável. Antes dessa idade, contudo, nenhuma tentativa deve ser feita no sentido de reprimir a energia e o entusiasmo naturais da criança. Porém, quando os pais possuem o hábito de meditar, é natural que surja na criança o interesse. Nesse momento os pais devem convidá-la a se sentar e respirar tranqüilamente de olhos fechados, sentindo suavemente o ar entrando e saindo. Cinco minutos são suficientes no início e o tempo pode ir aumentando gradativamente enquanto a criança cresce, chegando à 15 minutos quando ela estiver entre 10 a 12 anos. Os pais não devem ficar impacientes se as crianças não quiserem se sentar todas as vezes que forem convidadas. Se elas ficarem muito inquietas, os pais precisam deixá-las ir embora, mas devem continuar a meditar. O exemplo e o prazer dos pais com essa prática naturalmente atrairá a criança.
2-Inspirá-los a contemplar as belezas e as maravilhas da Natureza.
A contemplação à Natureza possibilita refletir sobre o encantamento de nossa alma em estar aqui. O Dr. Chopra ressalta o ditado que diz: "O que Deus pode nos dar só é limitado pela nossa capacidade de apreciar Suas Dádivas". As crianças adoram ser inspiradas pelas maravilhas da Natureza, cabendo aos pais o incentivo a essa prática. Em seu livro Maria, a maior educadora da História, o Dr. Augusto Cury nos lembra que existe uma diferença entre admirar e contemplar. Segundo ele: "Admirar o belo é gostar, apreciar, sentir algum tipo de prazer diante de um estímulo ou fenômeno. (...) Contemplar a natureza é observar atentamente, penetrando nos detalhes mais ínfimos, captando cenas únicas (...). Admirar é ver e ouvir. Contemplar é observar e se encantar." Tal exercício faz com que seu filho sinta-se parte da beleza da Vida.
3-Mostrar-lhes as possibilidades ocultas nas situações familiares.
Cada segundo de tempo é uma porta de possibilidades ilimitadas. No entanto, é preciso estar aberto para elas. É fundamental ensinar às crianças a procurar algo novo em uma situação bem conhecida. Sem perceber, estamos habituados a impor limitações à maneira como percebemos o mundo e indiretamente transmitimos essa postura aos nossos filhos. Assim, estamos sempre nos forçando a fazer julgamentos do tipo: não gosto disso ou não consigo entender aquilo. Esse é um bom dia para detectar quando nós ou nossos filhos fazemos uma declaração em voz alta desse tipo e tentar evitar que a emissão automática de julgamentos limite as nossas possibilidades. Devemos tentar enxergar uma qualidade ou outra possibilidade em algo que não nos agrade em um primeiro momento. Se ensinarmos a eles a aceitação e a tolerância, transmitimos a idéia de que todo mundo está fazendo o seu melhor. Vendo as pessoas por esse prisma, e não como esperamos que eles se comportem, estaremos oferecendo uma grande contribuição para o ensino da primeira lei.